O Amor dos Nossos Dias

O Amor de Nossos Dias

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou este milênio,
mas também as relações afetivas estão passando por profundas
transformações e revolucionando, também, o conceito de amor.
Hoje o que se busca, é uma relação compatível com os tempos
modernos, desenvolvendo o hormônio da Ocitocina, na qual
exista o respeito da individualidade, no prazer de estar
junto, com a sensação de harmonia, sentindo completo nas
alegrias e nas emoções, e não mais, uma relação de
dependência, em que um é responsável pelo seu bem-estar do outro.

A ideia de uma pessoa ser o responsável pela felicidade de outra,
nasceu com o romantismo e foi condenada a desaparecer neste
milênio.
O amor romântico, parte da premissa de que somos uma fração e
precisamos encontrar a outra fração e com a qual, iremos criar
outras frações (filhos) para nos sentirmos completos.

Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que,
historicamente, tem atingido mais as mulheres que os homens,
elas abandonam suas características, para se plasmar ao projeto
masculino, se integrando aos filhos.

A teoria da ligação entre idiossincrasia opostas, também, nasceu
desta raiz; o outro tem se comportar diferente de mim. Se sou
calmo(a), ele(a) deve ser agitado(a), e se assim não for, a
união tende a se desfazer. Uma ideia, que na prática não deu
certo, por não possuir o romantismo necessário para a
sobrevivência da união.

O que esta prevalecendo neste milênio, é a parceria, ou seja, o
efeito do hormônio Ocitocina, que trocou o amor romântico pela
harmonia de participação, abrindo espaço, para relacionamento,
sem o hormônio do libido, onde vemos uniões homossexuais (que
são censurados por pessoas que ignoram os efeitos do hormônio
Ocitocina). Eu gosto e desejo a companhia para participar do
amor, na harmonia da vida, mas não sou refém da companhia para
me complementar. Posição diferente da premissa romântica, que
somos uma fração e precisamos encontrar a outra fração para
nos completar.
Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as
pessoas estão perdendo o medo de ficarem sozinhas, e estão
aprendendo a conviver consigo mesmas, às vezes sentindo fração
de uma harmonia, mas sem serem reféns. O outro, com o qual se
estabelece um elo de relacionamento, aprende na pratica a sentir
fração de uma harmonia, mas sem ser refém.

Não se trata mais de príncipe ou princesa dos sonhos de alguém,
e sim, apenas um companheiro de viagem, para harmonizar a
travessia da vida. O homem é um animal que vai mudando o
mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao
mundo que criou.

Entramos na era da individualidade, em que cada um se sente
sozinho, mas não está sozinho, terá que lutar por si só,
dentro de suas limitações, para superar os obstáculos que às
vezes, são dos dois, isto sem torná-lo egoísta. O egoísta
não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem
do outro, mas no caso da parceria, a fonte deixa de existir.

A nova forma de amor, talvez seja mais correta, no que
tange os objetivos, pois visa à aproximação de dois inteiros,
e não a união de duas metades, mas isto só é verdadeiro,
para aqueles que conseguem trabalhar sua individualidade,
no hormônio Ocitocina, quanto mais o indivíduo for
competente para viver sozinho, aprimorando a Ocitocina,
mais preparado estará para uma boa relação afetiva.

A solidão é compreendida, ficar sozinho não é vergonhoso
e facilita a dignidade das pessoas nas boas relações
afetivas, esclarece que nestes relacionamentos, ninguém
exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação
e de concessões exageradas são coisas do século passado.
Cada cabeça é um mundo com suas idiossincrasias, não
há duas cabeças iguais. Nosso modo de pensar e agir não
serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes,
pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade,
o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.

Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para
estabelecer um monólogo interno e descobrir sua Energia de Agir
da Ocitocina que é individual e só na solidão, em que o indivíduo
entra em reflexão e passa a compreender os efeitos deste
hormônio, na harmonia e na paz, que estão dentro de si e não a
partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico,
deixa de julgar, torna mais compreensivo quanto às diversidades,
respeitando a maneira de ser de cada um.

O amor despertado, pela Ocitocina, entre duas pessoas inteiras é
bem mais saudável (exemplos: pai para filho, irmão para irmão,
filho pela mãe, o ser humano por DeusYHWH, um amigo pelo outro,
o homem pelo animal), pois neste tipo de ligação, há uma
compreensão mútua, em que, não se exige nada um do outro e o
aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado,
tornam os fatores mais importantes do relacionamento.

Salvador 29 de julho de 2015

Charrir Kessin de Sales – OJÈNNA