Comentando Nietsche Sobre Deus está Morto

Comentando Nietzsche
Sobre… Deus está Morto
Friedrich Nietzsche (1844 – 1900), fala da morte de Deus. Implicitamente Nietzsche está fazendo referências a um povo que está evocando um Deus que não o socorre, deixando este povo, mergulhar na degeneração moral, na corrupção, atropelando a ética, com um comportamento egoístico na sociedade em que vive, sempre querendo levar vantagens em todo relacionamento, buscando mais direitos que deveres, adulterando os referenciais, que acabam desembocando na violência, na guerra, provocando a miséria, a fome e a desgraça, que estão assolando o nosso mundo.
Para este povo, Nietzsche, está falando que Deus está morto, que não adianta adorá-Lo (bajular), que este Deus não o ouvirá, no entanto, Nietzsche, transmite sutilmente, aos leitores, quem está morto é o ser humano imediatista, que voluntariamente, assumiu as características da degeneração moral, identificando-se com os segmentos que mais possam lhe trazer vantagens e que está procurando este Deus, para alcançar seus objetivos.
Pensamento no qual compartilha o historiador crítico francês, Michel Foucault (1926 – 1984).
Dificilmente a humanidade irá se conscientizar, devido um vazio que existe entre o direito e o dever, gerando referenciais distintos em cada ser humano.
A obra de Michel Foucault, é uma extensão do pensamento de Nietzsche, demonstrando que, o modernismo do direito imediatista, gera um problema na sociedade consumista.
Uma reflexão do nosso mundo brasileiro, pelo que assistimos no fisiologismo político, no corporativismo, nas adulterações dos referenciais sociais, concluímos que, a inquietação, leva o ser humano a ser imediatista, que o direito da razão “cede lugar” para o direito das vantagens, que a moral, não parece ser relevante, que a racionalidade foi adulterada por uma busca desenfreada do “ter” em detrimento do “ser”, “ser” este, o qual aproximaria do arquétipo previsto, por daquele que nos gerou, DeusYHWH.
Com o “ter” as pessoas se julgam mais poderosas, invulnerável achando que este DeusYHWH, não iria interferir nos seus objetivos, já que este Deus, está mais preocupado, em resolver as situações daqueles que se encontram na miséria, excluídos e abandonados pela sociedade, entregues à própria sorte.
Para os imediatistas, o “RESULTADO JÁ”, é que importa.
A linguagem da Economia é o que prevalece diante do “ter”, propagando que o dinheiro é o único, que triunfará. Este comportamento, que está alienando as pessoas, corrompendo os referenciais, as nações e as culturas, levou Nietzsche a dizer para estes imediatistas, que “Deus está morto, não irá ouvi-los, e assim, terão que agirem por conta próprias”.
Para Nietzsche, a exata medida em que o preconceito da razão, nos coage, pôr unanimidade, por identidade, por duração, por substância, por argumentos, vemo-nos enredados num erro, necessitados do erro para vivermos, nesse sentido, encontramos na nossa linguagem, uma energia de defesa constante, com argumentos fortes de um competente advogado.
Vejamos o que o filósofo-filólogo Nietzsche, nos presenteou com este texto de Crepúsculo dos Ídolos, que atinge a nossa questão central, sobre o que ele chama a morte de Deus.
A linguagem pertence, por sua origem, ao tempo da mais rudimentar forma de psicologia, entramos em um grosseiro fetichismo, quando trazemos à consciência, as pressuposições fundamentais da metafísica da linguagem, ou, dito em alemão, da razão.
Essa vê por toda parte agente e ato.
Essa acredita em vontade como causa em geral.
Essa acredita no “eu”, no eu como ser, no eu como
substância, e projeta a crença na substância-eu sobre todas
as coisas, (somente com isso cria o conceito “coisa”)..
O ser é por toda parte pensado-junto, introduzido sub-repticiamente;
Somente da concepção “eu” se segue, como derivado, o conceito “ser”…
No início, está a grande fatalidade do erro, de que a vontade é algo que faz efeito, que a vontade é uma faculdade… Hoje, sabemos que é meramente uma palavra… Mais tarde, em um mundo, mil vezes mais esclarecido, a certeza subjetiva na manipulação das categorias da razão e a segurança, chegarão com surpresa, à consciência dos filósofos, que concluirão que elas, não poderiam provir do empirismo, pois o empirismo estaria em contradição com elas. De onde então elas proveriam?
Tanto na Índia, como na Grécia, se cometeu o mesmo equívoco. É preciso que de algum modo, tenhamos habitado em um mundo superior (em lugar de um mundo inferior, o que teria sido a verdade!).
É preciso que tenhamos sido divinos, pois temos a razão!…
De fato, até agora, nada teve uma força mais ingênua e persuasiva, do que o erro do ser, tal como foi, por exemplo, formulado pelos eleatas (defensores da unidade e imobilidade do ser), pois esse erro tem a seu favor cada palavra, cada proposição que nós falamos! Até mesmo os adversários dos eleatas, sucumbiram à sedução de seu conceito-de-ser, foi o caso de Demócrito, entre outros, quando inventou o átomo.
A “razão” na linguagem, oh, que velha, enganadora personagem feminina! Felizmente, não nos desvencilharemos de Deus, porque ainda acreditamos na gramática.
Nietzsche pensou que a razão de viver estava no mundo interno, aprofundou no seu mundo interior, com tanta obsessão, que perdeu as emoções do mundo exterior, tornando-o pessimista. Esta filosofia considerou, “ter-se ido, sem considerar o vazio do se ficar”. Essa posição isolada colocada por Nietzsche, não pode reter o Eu de sua instância (posição dinâmica), por ele não se desagregar do seu princípio básico da busca das emoções. O Eu, deverá estar consciente e sabedor da companhia e parceria do Ser, no que tange a busca do ideal, por Ele (Eu) no desconhecido. Também é preciso que o Eu saiba, reconhecer e compreender, a sistemática do vir a ser, para se disponibilizar antes de se ir.
Esta colocação, nos permite perceber a sutileza do grau de evolução, nos estágios de uma personalidade.
Nietzsche, só pensou em conhecer seu mundo interior, sem ponderar o conhecimento do mundo exterior (as emoções que motivam a vida), com isso concluiu; sabendo tudo do interior, a vida perde o sentido, não vale a pena ser vivida.
Pasmem amigos, este é o desfecho real de todos nós, após alcançarmos o nível máximo de sabedoria.
Notas:
1 – A natureza humana está constituída de três entes
a) – O Ser é o Fragmento de DeusYHWH, que habita
em cada Eu, sem nenhuma discriminação, levando
as mensagens do Divino, que são decodificadas
pela Alma (intercedora), para os 5 sentidos do Eu.

b) – A Alma é a decodificadora das mensagens do Ser
para os cinco sentidos do Eu e coletora das
experiências vivenciadas pelo Eu.
A Alma torna adulta aos vinte e um anos.

c) – O Eu é a parte densa (física) que está vivenciando
no plano físico, as emoções dos cinco sentidos
como instrumento de aprendizagem da Alma.
O Eu torna adulto aos dezesseis anos.

2– A Razão é a ferramenta, sem estrutura e sem respaldo
da lógica, que os Intermediários (donos da verdade),
usam para justificar certas ações, que venham doutrinar
e estruturar os comportamentos dos Eus.

3 – A Lógica é o método (caminho), que as ciências trilham,
para que a Ciência seja Universal e não particular.
É o mapa que norteia todo e qualquer raciocínio,
conhecendo os fatos que os provocaram, além de
eliminar as suposições, e assim, garantir a legitimidade
do conceito.

Salvador 11 de junho de 2008
Charrir Kessin de Sales – OJÉNNA