As Histórias das CPIs

As Histórias das CPIs

As CPIs instaladas no Congresso, me faz lembrar o inquérito dos Elefantes, ocorrido mos Viletes do ano 1921, numa historia que minha avó contava e se passou naquela localidade, distante 5 quilômetros do Divino, cidade mineira. Minha avó contava, que nos Viletes só existia uma viela (rua) de chão batido.
Em 1921, apareceu um circo e se instalou na localidade.

A atração principal, era a presença de quatro elefantes.
O meio que o circo tinha para propagar seus espetáculos, era desfilar com os elefantes, durante dois meses, todos os dias das 9:00h às 13:00h, nessa única viela dos Viletes, com uma banda fanfarra acompanhando os elefantes e com muita poeira.

Um dia, um dos elefantes, ficou enfurecido e debandou, causando estragos em algumas propriedades e ferimentos em três pessoas. Sabendo do acidente, em menos de duas horas a polícia da cidade do Divino, já estava no Local, instalando logo, “o inquérito dos elefantes” mas teve muita dificuldade em desvendar o que realmente aconteceu.

Vejam nos depoimentos, as respostas que os habitantes dos Viletes daquela época, davam e comparam com as respostas que os envolvidos e testemunhas estão sempre dando nas CPIs no nosso congresso!
Sabe… todos os habitantes ao serem interrogados nas sete principais perguntas, davam sempre as mesmas respostas, esta foi a dificuldade encontrada, durante a investigação, do inquérito que apurava os estragos feitos pelo elefante, nos Viletes. As CPIs do Congresso, parece uma versão colorida, do vídeo tape preto & branco, “do inquérito dos elefantes”, ao compararmos as respostas ensaiadas dos habitantes dos Viletes daquela longínqua época, com as respostas que os envolvidos e as testemunhas estão sempre dando, nos interrogatórios durante as investigações, nessas CPIs que são mais de cinqüenta, que vem sendo instaladas nesses último 10 anos, apurando os desvios Éticos e Financeiros dos políticos, dirigentes e seus assessores.
Reflitam sobre estas respostas ardilosas, que os habitantes dos Viletes, deram, e sintam, as respostas que esses “caras” políticos, assessores, funcionários e outros envolvidos, estão dando, nos seus depoimentos nas inúmeras CPIs, e sintam na pele o que esses meliantes pensam de nós espectadores e das pessoas, que votam.
Voltamos ao Inquérito dos Elefantes, e vejamos, as respostas dadas no interrogatório durante o inquérito em 1921
P1 – O que realmente o elefante fez?
R – Não vi coisa alguma
P2 – Você é capaz de saber o que um elefante
enraivecido pode fazer?
R – Não. Porque eu não conheço elefante
P3 – Você não conhece um elefante?
R – Não. Na minha vida, nunca vi um elefante
P4 – Você já foi ao circo?
R – Que circo?
P5 – O circo aqui na Rua
R – Que Rua?
P6 – Lembre-se, seu depoimento é muito valioso.
R – Eu sei disso, por isso estou cooperando
P7 – É tudo que o Senhor sabe?
R – Sim. Já falei tudo que sei sobre o assunto
Estou com a consciência tranqüila por ter
prestado um depoimento muito valioso para
a elucidação do inquérito.
Neste Inquérito nos Viletes de 1921, havia ingenuidade nos habitantes, e nas CPIs do Congresso? O quê deverá estar havendo com as testemunhas e com os implicados?

Também o comportamento de Lula, me faz lembrar uma outra história que minha avó contava, (essa vó era demais). Era mais ou menos assim:
Na mesma localidade, Viletes (não estranhe, minha avó nasceu lá, viveu 90 anos, morreu lá, só foi ao Divino oito vezes na vida, o universo dela era os Viletes), haviam dois rapazes muito amigos, um chamava Flávio e o outro Luiz (qualquer semelhança com Lula, é proposital). Um dia, Flávio resolveu passear em Belo Horizonte, conhecer a nossa capital. Em Belo Horizonte, o que mais lhe entusiasmou foi o Jardim Zoológico, onde ele ficou impressionado com a figura desse animal girafa.

Voltando aos Viletes, a primeira pessoa que ele fez questão de dar a novidade do animal girafa, foi Luiz. Foi logo dizendo, – “Lula, fui ao Jardim Zoológico de Belo Horizonte e fiquei impressionado com um animal que encontrei, é completamente diferente dos animais que conhecemos. O bicho tem uns quatro metros de altura, só de pescoço deve ter uns dois metros, é inacreditável, só você vendo”.- Luiz olhou com ar de incrédulo e disse: “Você gosta muito de exagerar as coisas, já te conheço, falando assim, é difícil de acreditar, no fundo, quero lhe dizer, que eu não acredito que exista um bicho assim, só vendo”. Foi então que Flávio propôs irem a Belo Horizonte, conhecer o Zoológico e o tal animal girafa. Combinaram e finalmente num fim de semana foram a Belo Horizonte. Chegando em Belo Horizonte num sábado, e logo, no domingo, foram ao Zoológico, conhecer a tal girafa. Chegando no zoológico, Flávio indócil foi direto onde estava o animal. Assim que chegaram junto da girafa, Flávio foi logo falando: -“eu não disse, olha que bicho, é lindo, e veja, não tem uns quatro metro de altura? Seu pescoço não tem uns dois metros? Eu não lhe disse que era inacreditável? O que você me diz?”
Luiz (Lula), olhou o animal de cima em baixo, coçou o queixo, a cabeça…pensou…e disse: -“é… mas… isso deve ser uma armação sua…. este bicho não existe!”-

É isso amigos, este Luiz da história de minha avó, fez escola, ainda utilizada por muitos, em pleno ano 2008!

Nota:
Viletes foi citado, como forma carinhosa de divulgar esse pedaço do Paraíso, torrão onde eu nasci.
Abraços a todos os leitores…charrir

Salvador 21 de abril de 2008

Charrir Kessin de Sales – OJÉNNA