Zé Ninguém e o Radicalismo

Zé Ninguém e o Radicalismo

Quando se aceita os conhecimentos de terceiros (intermediário), como verdadeiros, procurando seguir uma linha de comportamento radical e fiel a esse único intermediário (seja um Autor, um Mestre, uma Religião, um Livro Sagrado, um Guru, ou um Político), o ser humano se acha que, com essa fidelidade (radicalismo) ao intermediário, ele encontra a verdade.

O comodismo é muito mais atraente que a busca.
É mais fácil achar-se sábio e julgar o outro como um Zé Ninguém, do que partir para pesquisar e conhecer a verdade.
Para os comodistas, os intermediários (citados anteriormente) já pesquisaram tudo que precisa ser pesquisado e já publicaram os assuntos que são verdadeiros, os quais, lhes interessam.
Com esta concepção, julgam que não compensa fazer novas pesquisas, para encontrar essas mesmas verdades. Pensando assim, não vale a pena buscar conhecimentos, já que os intermediários nos trazem todos os conhecimentos que precisamos.
Ignoram que, as falácias dos intermediários, não podem e nunca poderão ser superior à verdade.

A vida é um eterno vir a ser, dito por Heráclito (544 – 480aC.).
Para entender isso, não poderemos ser acomodados. Devemos filtrar as falácias dos intermediários, os quais foram fabricados pelos poderes (religiosos, públicos e de interesses monetários), para orientar os ingênuos com colocações falsas.
Na Religião, de um tal de Satanás que não existe, de um fogo
imaginário do inferno, e uma promessa de salvação.
Dos Políticos, de promessas de acabar com a miséria e
arranjar emprego para todos, acabar com a
desigualdade social e dar boa vida para todos.
Dos Historiadores, de histórias adulteradas, para não ferir a
dignidade das religiões, não tornarem antipáticos
aos governantes, agradarem as classes mais
privilegiadas, visando o faturamento de suas
obras, omitindo muitas vezes a verdade.
Esses comportamentos dessas três classes, nos deixam reféns:
Na Religião, de uma pseudo salvação.
Na Política, de melhor qualidade de vida e um futuro melhor
Na Cultura, de uma verdade adulterada, às vezes, utópica.
Essas três classes, muitas vezes, tomam posições paradoxal, por não terem estruturas, para assumir uma posição transparente de uma realidade, sem sofisma, nos fazendo acreditar em coisas que foram ditas por terceiros ha n-centos anos atrás.
Devemos ultrapassar estas barreiras, se não quisermos ser um Zé ninguém e encontrar a verdade.

A Religião e sua Fé, pregadas pelos líderes religiosos, tem suas limitações, nunca poderão comprovar o conteúdo daquilo que eles dizem.

O Político, usando sua ética adulterada, nunca poderá cumprir as promessas de campanha, dado o corporativismo e o “tomaládácá”.
Devemos lembrar que; a política, a religião, sempre foram sistemas fechados, e nos sistemas fechados, não existe a ética.

Os historiadores, disciplinados pela religião e sujeitos às regras do governo do país que vivem, não poderão escrever algo que vá de encontro aos costumes de seu país, por não ter público para adquirir seus livros, deixarão de faturar, o que não é interessante.

Diante dos comentários destes três segmentos, podemos dizer que; a verdade, é um caminho virgem que esta dentro de cada um, ninguém encontra a verdade imitando os outros, alem disso, a verdade está acima de tudo e além de provar seu conteúdo, é eterna e nunca poderá ser modificada:
1) — Pelas imposições dos “sabidos”
2) – Pelos Livros Sagrados
3) – Pelas Religiões
4) – Pelos Políticos
5) – Pelo Tempo.

Por outro lado, os representantes destes segmentos, continuam afirmando:
1) Os Líderes Religiosos afirmam que a questão da Fé é superior a Verdade e acrescenta, a Fé remove montanha, a Verdade não.
2) Os Lideres Políticos, Estudantis e Sindicais, afirmam que o poder e o dinheiro, são superior a Verdade e acrescentam, com o poder e o dinheiro, se consegue tudo, com a Verdade não.
3) Os Historiadores afirmam que a fantasia maquiada com religião e relatos heróicos, é superior a Verdade e acrescentam, com a fantasia maquiada, ganha-se dinheiro, com a Verdade não.
O ser humano é limitado psiquicamente, se não desenvolver seu instinto de observação, que é a chance que ele tem, para sair do lugar comum e superar essa limitação, se isso não acontecer, seu nível de inteligência fica comprometido, ficando seu conceito sobe as “coisas que são verdadeiras e reais”, reduzido. Para compensar isso, ele agiganta seu radicalismo (sua Fé no intermediário de um dos três segmentos), no que ele pensa, ser verdadeiro, mais não vai muito longe, pois ele permanece condicionado ao sistema que o intermediário lhe impõe, com isso, irá continuar com um comportamento acomodado que satisfaz seu ego, como dono da verdade, condição que se desenvolve nele, um alto grau para o julgamento, daqueles que tenham comportamentos diferenciados do seu.
Com esse pensamento, ele se acha correto e passa a tratar os outros, como um Zé Ninguém, sentindo desprezo pelos outros que não comunga com suas idéias, achando que viver como um Zé Ninguém, é “ignorar” altos conceitos “verdadeiros” herdados de fontes verdadeiras, transmitidos por “inspirados” (nos Livros Sagrados), por políticos íntegros, honestos, éticos, e historiadores conhecedores da verdade.
Assim ele chega a seguinte conclusão: -“viver como um Zé Ninguém, seria um absurdo, teria que jogar todo meus conhecimentos fora, destruir todos meus conceitos que foram herdados dos intermediários de n-centos anos de tradição e começar tudo de novo. Seria uma loucura. Não vale a pena” -.

Comentários
Procure não ser radical, nem fiel a nenhum intermediário e também não seja um Zé Ninguém, seja você mesmo…Conheça-se a si mesmo, só assim conhecerá as Verdades; da Religião, da Política e da História.

Salvador 11 de julho de 2005
Charrir Kessin de Sales – OJÉNNA